quarta-feira, agosto 12, 2015

Verdade

A inversão de valores é tão grande que falar a verdade tornou-se a exceção à regra. Lembra-se...? Verdade... é, aquela coisa descritiva que narra os eventos como eles são e não como me convém contá-los?
Parece que as relações humanas estão corrompidas de tal forma que dizer a verdade tornou-se tão “in-crível” (leia-se ‘aquilo em que não se pode crer’) quanto qualquer mentira ou, como se tem dito, quanto qualquer versão da própria verdade.
Experimentei situações em que a verdade era tão simples e objetiva que para o outro era mais fácil imaginar que eu estava mentindo e que outra versão qualquer deveria ser a original. Depois de repetidas tentativas de demonstração da referida ‘verdade’ percebi que o problema não estava em mim ou naquilo que eu falava mas na percepção do outro; em sua noção pré-concebida de que todos mentem, portanto esta nova informação (deve ser ou) é uma mentira também.
Desenvolvemos lenta e paulatinamente um "constructo" mental que justifica o ato de mentir. Dizemos a nós mesmos que estamos nos protegendo preventivamente, ou que todos fazem isso, portanto, podemos (e devemos) fazê-lo também. Alguns chamam isso de profecia "autorrealizável": eu digo que todos mentem e por isso posso mentir, logo, começo a mentir e daí cria-se uma cadeia inquebrável em que um se apoia na presumida falha do outro.
Assistindo esses shows televisivos sobre investigação policial aprendi que a investigação de um assassinato se baseia em três coisas: que exista um corpo, encontrar a arma do crime e identificar o motivo para o crime. Analogamente, a mentira parte de um fato concreto (o corpo), o meio que se usa para criar a mentira (a arma) e o interesse no contar a mentira (o motivo).
Entenda-se por fato concreto o elemento sobre o qual se mente: ter feito ou não alguma coisa, ter estado ou não em algum lugar, falado ou não com alguém, etc.
O meio normalmente é a palavra, a narrativa, a história que se conta para dar vida à fantasia criada.
O interesse é o nascedouro, o ponto zero, o momento em que se decide não descrever o fato como ele é.
Pergunto: Por que precisamos nos defender tanto? Por que a presunção natural é a de que o outro vai se aproveitar de uma situação de desvantagem e que, bem faço eu se não me permitir ser ‘pego de calças curtas’ me cobrindo com a mentira?
Uma mentira, invariavelmente, pede pelo menos mais uma ou duas para se sustentar. ‘Verdades’ criadas não ficam de pé sustentadas em apenas uma ‘perna’.
Qual a solução? Coragem. Coragem para ser diferente no meio de tanta igualdade. Coragem para fazer aquilo que se tem que fazer e para assumir o não ter feito, quando isso ocorrer. Coragem para dizer “não” na hora certa ao invés de justificar falsamente ter falhado no que foi proposto.

Coragem para sair de uma relação que não é satisfatória antes de enganar, mentir e trair a confiança alheia. Coragem para fazer negócios de forma honesta, lucrando o que é justo. Coragem para não misturar as duas coisas e permanecer em uma relação afetiva por outros interesses que não o carinho mútuo devido. Coragem para dar-se legitimamente sem medo, com tesão paixão e amor! Coragem!!!

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

A pergunta certa

Que coisa é essa que nos faz acordar dia após dia?
Enfrentar a mesma rotina, enfadonha e cansativa
Que nos impulsiona em direção a algo que não sabemos bem o que é.

Que vento é esse?
Sopra em direção a lugar nenhum
Diz o sábio: que proveito há debaixo do sol?

E se a resposta for o amor?
E se amor for o que queremos, o que dará sentido a tudo?
Mas se não amarmos, se não formos amados
Que sentido restará?

Sucesso, conquistas? Também vi que tudo isso
Serve tão somente para nos tornar mais atraentes
Para o amor?

Prefiro a pergunta certa
À resposta errada.
Angel

Ela foi vista caindo de uma nuvem
Não se sabe ao certo se colocou os pés no chão ou apenas flutuava
O certo é que nem todos a viram
Não prestaram atenção, não quiseram ver

Criatura feita para amar, feita de amor
Ferida, marcada mas não fatalmente
Lutou, sobreviveu e venceu
Repousou nos braços de alguém
Finalmente!

Em tempos de cinismo e egoísmo.
Narciso e seu espelho nunca se fartaram tanto.
Foi ela que disse, você é diferente
Não... você é especial, essencial

Ponto. Acreditemos no amor
Vivamos o amor
Nada vale mais, nada é tão precioso
Aquilo que tem que ser dado, não se pode comprar ou exigir.


Enquanto houver amor, há esperança.

segunda-feira, setembro 09, 2013

A Busca

Procura-se:
A verdade,
No bom dia dito displicentemente
Nas relações superficiais que estabelecemos
Nas declarações de amor sussurradas
Ou nos gritos apaixonados

Procura-se:
A felicidade
Substituída por pequenas doses de alegria
Obscurecida pela desesperança
Confundida com o êxtase da carne
Idealizada no verso da poesia

Oferece-se:
Um pouco do tempo que sobrar
Afinal, estamos mesmo tão ocupados.
A certeza da insegurança
A vaidade vã, o orgulho travestido em confiança
O esconder da solidão que nos assusta.

Enquanto houver tempo, vivamos
Enquanto houver vida, sonhemos
Amanhã será diferente
Seremos melhores, seremos quem realmente somos

Seremos e só.

quinta-feira, março 21, 2013

O que você quiser

Queremos um amor que cure
Uma cura que não doa
Uma dor, se inevitável, que não dure.

Queremos um beijo ardente
Que apague a solidão
Que congele a amargura e
consuma a tristeza.

Queremos a segurança de escolher
As garantias de estar e não ser.
Queremos a estabilidade
Que nada nos dá senão a certeza do óbvio
Queremos ir para o céu
Mas não queremos morrer.

Quero sair de mim, me observar por um dia
Me ver como sou visto, me distanciar do centro
Talvez eu visse o vilão, que incomoda
Talvez eu visse o herói que insiste em salvar
Quem não quer socorro.

Quero querer coisas simples
Silenciar a indiferença e gritar
Não permitir que o ontem impeça o amanhã
Dizer ao inimigo que não perca tempo me odiando
Quero compor uma música.

quinta-feira, setembro 20, 2012

O Dia

Hoje é o dia... O primeiro dia do resto da minha vida
A partir de hoje, tudo será diferente
A alegria, contínua
Sem pressa de acabar
Outra alegria que a etílica
Uma sensação de bem estar, de inteireza, de plenitude.
Família e amigos por todos os lados
Querer pertencer, querer transcender.
Até o ponto em que sejam
todas as juras de amor, verdadeiras
todos os beijos, sinceros e apaixonados
O objeto do amor, será o amor
Não me decepcionarei com quem amo
Como também, não decepcionarei
A vida será o agora
O amanhã não precisará se chamar esperança
Tenho tudo hoje
Sou tudo hoje.

domingo, junho 10, 2012

Sighting

Também vi que estamos sozinhos
Empenhados em sermos solitários
Perdidos na multidão
Incomodados, desconfortáveis em nossa própria companhia.
Falamos durante o tempo em que deveríamos ouvir
Calamos para que ninguém saiba de nós
Nos escondemos na multidão de palavras
Contamos tudo para que ninguém saiba do que não sabemos
Não sabemos de nós mesmos
Não sabemos saber
Ignoramos nossa ignorância
Felizes.
Também vi o destino assenhorar-se deles.
A ilusão do controle é, em si, um labirinto
Cujo intrincado desenho é construído pela conveniência
O tempo é mais largo que o jardim
Mais alto que nossa fé
Tão pesado quanto o vento.