domingo, julho 25, 2010

Paixão

Não quero me apaixonar pela poesia
E esquecer as pessoas
Não quero me deixar levar pela fantasia
E me desconectar da carne,
Do cheiro, do gosto, das pessoas.
Quero contar da loucura da sanidade
Da impossibilidade da realidade
Da lógica complexa do que é simples
Do encontro e da companhia da solidão.
Quero saber o que quero
Quero dizer não
Quero não me importar tanto
E de tanto não ter, sofrer, sangrar, morrer.

Não quero querer o irreal
Castelos, cores, cabelo e corpo
Sílaba, estrofe, prosa ou poesia
Construções mentais, métrica da dor.
Quero a elegância natural
A sofisticação da sinceridade
A tranqüilidade da aceitação
Harmonia de ver, entender, ser.
Quero não acreditar no fim
Explicar o milagre
Cantar o sorriso, cantar, cantar.
Quero o que não sou,
Sou o que eu quero.

Voz

Se me calo, estou gritando
Quando acordo, começo a sonhar
Se acelero, o que mais quero é: parar.

Como é fácil me perder no tempo
Como é difícil estar no momento
Sincronicidade é tudo
Intensidade em tudo.

O olhar me trai, atrai
Seduz e condena
Tudo começa no olhar
O sentido, o sentir, me calar.

Sigo o curso, mergulho em mim
Aceito o inevitável: nascemos potencial
Somos potencial
Nos tornamos humanos.